domingo, 28 de julho de 2013

A janela do amanhã, por Gaudêncio Torquato

POLÍTICA

A janela do amanhã, por Gaudêncio Torquato

Ao lembrar que a juventude é a “janela pela qual o futuro entra no mundo”, no discurso que abriu sua agenda no país, o papa Francisco quis ressaltar o motivo de sua peregrinação – presença na Jornada Mundial da Juventude – e também alertar os políticos que aos jovens devem ser dadas condições para exercer de maneira condigna seu papel na sociedade. Foi bastante claro: “a nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço”. Um recado adequado no momento oportuno para a platéia certa.
A população jovem brasileira soma 51 milhões de pessoas – 10 milhões entre 15 a 17 anos, 23,1 milhões entre 18 a 24 anos e 17,5 milhões entre 25 a 29 anos – sendo, nos últimos tempos, o motor da mobilização social nas grandes e médias cidades do país.
Como agrupamento mais descontente com a classe política, desfralda o simbolismo citado pelo carismático pontífice para fustigar as fortalezas do poder e, à sua maneira, aplainar os caminhos de um amanhã que se lhe apresenta sombrio, uma existência que ameaça ser mais sofrida que a de seus pais.
O fato é que aos jovens não tem sido oferecido espaço para participação mais efetiva no processo político-institucional. Não que lhes seja tolhido o direito de ingressar na vida pública. O que os afasta da esfera política são as formas tradicionais de representação, o modus operandi dos atores, as ações e atitudes escandalosas que sujam a imagem dos representantes nas instâncias federativas.

Foto: André Coelho / O Globo

Pesquisa feita por Época/Retrato mostra que apenas 1% dos jovens é filiado a partido político, o que não quer dizer desinteresse pela política, eis que dois em cada cinco adolescentes entre 16 e 18 anos gostariam de seguir carreira política em uma moldura partidária mais limpa.
Outro mapeamento, feito pelo Centro de Pesquisas do Instituto Paulista de Adolescência, revela que menos de 20% dos jovens de 16 a 18 anos possuem título de eleitor. Corrobora-se a visão de que os poucos jovens que decidem enveredar pela trilha política são cooptados por uma cultura viciada em “ismos” (fisiologismo, grupismo, mandonismo, nepotismo), acabam se transformando em “novos coronéis”, passando a compartilhar os currais da velha política.
Não por acaso, temos uma arcaica e gigantesca máquina política, povoada com 64 mil cargos eletivos, de presidente a vereador; candidatos a prefeito e vereador somam 380 mil. Não é de surpreender que as temáticas de interesse dos jovens, a partir da educação, ficam longe das pautas congressuais. Quando o assunto é pertinente– como a questão dos cursos de medicina e importação de médicos– a voz da estudantada avoluma-se em protestos.

Leia a íntegra em A janela do amanhã

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