domingo, 19 de janeiro de 2014

Sistemas contra distração ao volante

8 JANEIRO 2014

Sistemas contra distração ao volante

Sistemas que impedem batidas frontais e freiam o carro de forma automática ganham espaço e caminham para se tornar itens de série nos automóveis

Sistemas contra distração
Segurança e eficiência energética disputam a ponta das pesquisas no setor automotivo. A questão da segurança, na busca por reduzir as trágicas estatísticas dos acidentes rodoviários, e ainda a crescente conscientização e amadurecimento do consumidor, inclusive no Brasil, indicam que o nível de segurança do carro é o que mais importa na decisão de compra.

O Euro NCAP, instituto independente de segurança e testes automotivos europeu, aponta pesquisas que mostram que 90% dos acidentes rodoviários são causados pela distração ou falta de atenção dos motoristas. Em seus esforços para reduzir acidentes e mortes no trânsito, os fabricantes de automóveis estão agora desenvolvendo um novo sistema voltado para a segurança. Seu papel é o de alertar o motorista diante de um choque iminente. Ele é capaz de não apenas dar uma mão para que utilizem a capacidade de frenagem do carro ao máximo, como também acionar os freios de forma automática, sem a intervenção de quem está ao volante, caso a situação se torne crítica.

Essa é a nova tecnologia que, depois dos airbags, freios ABS e sistema de controle de estabilidade, entre outros, já está presente em modelos mais sofisticados e tem tudo para se tornar cada vez mais comum nos automóveis, até se transformar em item obrigatório. A nova tecnologia acrescenta ingrediente à sopa de letras dos sistemas automotivos. É o AEB, Autonomous Emergency Braking ou, em português, freio de emergência autônomo.

Com base em pesquisa sobre causas de acidentes de trânsito, o Euro NCAP revela que os sistemas AEB podem reduzir batidas traseiras em até 27% e, consequentemente, reduzir as lesões resultantes desse tipo de acidente. Confirmando o grau de importância dessa nova tecnologia, a partir de janeiro de 2014, o Euro NCAP dará crédito adicional em seus testes aos fabricantes de veículos que equipam seus modelos com sistemas de alarme de colisão frontal e/ou tecnologia de frenagem automática.

As tecnologias AEB hoje disponíveis são divididas em grupos, conforme o tipo de batida que elas podem evitar. O AEB City foi desenvolvido para entrar em ação a baixas velocidades e tem por objetivo a redução de choques traseiros, muitas vezes associados a lesões de pescoço dos passageiros no veículo que recebe o choque, devido ao efeito chicote. O AEB Inter Urban funciona em velocidades mais altas e foi projetado para evitar lesões mais sérias e fatais, que podem ser causadas pela falta de atenção ou distração do motorista. Em seus testes, o Euro NCAP considera os dois tipos do sistema e dá notas de 0 a 3 pontos, que se traduzem nos conceitos bom, adequado ou marginal.

No trânsito lento, os carros tendem a manter distâncias menores um do outro, o que reduz a capacidade do motorista de evitar choques em frenagens e reduções súbitas de velocidade. Tendo isso em mente, o Euro NCAP manteve o foco na função de frenagem automática até 50 km/h, em seu teste AEB City (confira quadro). O melhor resultado foi para o freio Pre-Safe (3 pontos) do Mercedes-Benz Classe E. Já os sistemas que equipam o Volvo XC60 (1,9 ponto), o Fiat 500 L (1,8 ponto) e o Ford Focus (1,7 ponto) foram considerados adequados. Quando em velocidades mais altas nas rodovias, em geral, há tempo suficiente para que o motorista evite a batida. Assim, os sistemas AEB Inter Urban quase sempre trazem a função Alerta de Colisão Frontal com otimização do desempenho da frenagem, que pode ser complementado com uma função de frenagem automática, caso o motorista não responda ao alerta. Os testes do Euro NCAP consideraram o desempenho do sistema em sua capacidade de evitar e reduzir batidas em velocidades de até 80 km/h, tanto quando o motorista freia como quando ele não reage ao sinal de alerta.

Os resultados desse teste mostraram maiores diferenças entre os sistemas. Os três melhores foram: o Freio Pre-Safe (2,7 pontos) do Mercedes-Benz Classe E, o sistema de Segurança na cidade e aviso de colisão com freio automático (2,6 pontos) do Volvo V40 e o Assistente Frontal (2,2 pontos) do VW Golf. Os sistemas do Mitsubishi Outlander foi considerado adequado (1,9 ponto) e o do Honda Civic, marginal (0,44 ponto).

Com a inclusão do teste do AEB nos carros que passam por seu crivo, o objetivo do Euro NCAP é incentivar os fabricantes de automóveis a investir nessa tecnologia. O secretário geral do Euro NCAP, Michael van Ratingen, diz que, com o limitado número de sistemas disponíveis e testados, já é possível ver a grande diferença em desempenho e os benefícios que traz para o mundo real. Ele parabeniza os fabricantes que tiveram seus carros testados, independentemente do resultado obtido. “O simples fato de já oferecerem essa tecnologia mostra a intenção de investir na segurança de quem compra seus carros. Os resultados dos testes vão incentivá-los a continuar investindo para melhorar a tecnologia e os que ainda não se iniciaram nesse tema deverão rever suas prioridades”, diz Ratingen.

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